domingo, 24 de abril de 2011

Conferência "Integralismo Lusitano - Visão para o futuro"


O Integralismo Lusitano foi um movimento político-cultural, cujo nascimento podemos apontar para Abril de 1914, aquando do aparecimento da revista Nação Portuguesa.

Nasceu do caos em que se vivia na I República, formado pela vontade de alguns monárquicos e de republicanos desiludidos. Havia o sentimento geral da necessidade de mudar, da inevitabilidade de instaurar novas regras e novos valores, da vontade popular de refundar Portugal.

A Revolução Nacional de 1926 tinha na sua doutrina alguns dos fundamentos do Integralismo Lusitano. Hoje, em 2011, urge a necessidade de uma nova Revolução. Qual poderá ser a contribuição do Integralismo Lusitano?

As edições Réquila estarão presentes neste evento com as suas publicações.

"Mais do que um corpo de doutrina, mais do que um breviário de constituição política, mais do que um programa, mais até do que um simples ideário monárquico, o Integralismo Lusitano é uma autêntica forma de viver e de pensar, uma norma moral, uma lição definitiva de síntese sobre o pensamento e a acção, uma alta escola de pensar contra o preconceito, o lugar-comum da época e do meio, uma clara vitória do pensamento contra a ideia-feita, do difícil contra o não pensar, contra a norma escolar e a cultura oficial ou oficializada. Sem o Integralismo não será possível compreender a história das ideias e dos factos no Portugal do nosso tempo."

Francisco Sousa Tavares in Combate Desigual.

sábado, 23 de abril de 2011

Consagração do Sobreiro a Árvore Nacional de Portugal



Está em curso uma campanha lançada pela Associação Transumância e Natureza (ATN) e pela Árvores de Portugal para a consagração do Sobreiro como a Árvore Nacional de Portugal

Sendo este um símbolo da nossa Identidade, em elemento essencial da nossa biodiversidade e um factor de relevo numa óptica de desenvolvimento sustentável, o MNA apoia totalmente esta iniciativa!

Em primeiro lugar aconselhamos a leitura deste pequeno texto do Colectivo Germinal acerca desta iniciativa, e a visita a este blogue onde podem obter informações sobre alguns dos nossos mais belos sobreiros.

De forma a ilustrar melhor este caso, o MNA colocou três questões à ATN, que a seguir reproduzimos.

1) Uma dúvida que se pode colocar imediatamente às pessoas é que, sendo o sobreiro uma árvore já protegida, que vantagens acrescidas trará a elevação do mesmo ao estatuto de Árvore Nacional. Na petição refere-se a biodversidade que daí se ganha, o evitar da desertificação e do desordenamento do território, e o potencial turístico associado a este ecossistema. Poderão indicar-nos casos concretos de sucesso, de projectos que tenham já sido levados a cabo neste âmbito?
A resposta não é fácil. No nosso caso (ATN) assumimos que a vantagem que vemos neste processo é a “interiorização” por parte da sociedade de que o sobreiro é mesmo importante seja do ponto de vista ambiental ou ecológico seja do ponto de vista económico. Por muitas leis que existam para protecção de uma espécie ou de uma formação florestal (montado de sobro e sobreirais) o ideal é que a nossa sociedade reconheça (instintivamente e por capilaridade) a necessidade da sua protecção. Por outro lado o sobreiro desapareceu (ou seja foi exterminado podemos dizer assim) em cerca de 2/3 do nosso país ao longo dos séculos), e ele continua a ter um enorme potencial em todo o país devido ao facto das suas características em termos de exigências edafoclimaticas coincidirem quase exclusivamente com as que caracterizam esta faixa atlântica da Península Iberica. O Sobreiro representa a Atlanticidade, ou a prsença da influencia atlântica nos ecossistemas do território peninsular (e essa faixa é quase só Portugal… e a Galiza). Ou seja para além de protegermos o sobreiro, procuramos dar o contributo para o reinstalar nos territórios onde desapareceu por acção humana, Queremos dar o contributo para o aumento da área de sobreiro e para o melhoramento do estado de conservação desses povoamentos devido aos benefícios ecológicos (em biodiversidade) que lhe stão sociados. Em relação a exemplos… o facto de Portugal ser o maior produtor nacional de cortiça, o facto da cortiça ser um dos pilares da nossa fileira florestal (fileira essa que tem posição cimeira no nosso PIB) são casos declarados sobre o valor económico desta árvore. Em termos ecológicos os exemplos não são tão conhecidos mas são óbvios. Sejam árvores isoladas sejam os extensos montados do Alentejo e Ribatejo, a esta espécie está associada a uma elevada biodiversidade e sustentação de habitats naturais muito importantes. O tema é vasto e tem vindo a crescer o seu rconhecimento público,, sobre isso aconselho a consulta de  http://vimeo.com/3357193 e http://www.wwf.pt/o_que_fazemos/hotspots_de_biodiversidade_e_servicos_do_ecossistema_/montado_de_alto_valor_de_conservacao_/


2) No Centro de Recuperação do Lobo Ibérico, por exemplo, para além da preservação dessa espécie animal, também se trabalha a preservação de certas espécies florestais do nosso património como é o caso do Teixo. A vossa associação tem conhecimento de muitas entidades que façam este tipo de trabalho? As Árvores de Portugal ou a ATN costumam prestar auxílio a estes projectos?
A ATN www.atnatureza.org desenvolve um conjunto de acções de protecção do coberto vegetal autóctone (na Faia Brava), temos plantado milhares de árvores (temos um viveiro florestal), fazemos uma campanha de vigilância de incêndios, promovemos a criação de uma Zona de Intervenção Florestal (no vale do Côa) por causa dos sobreiros. A a associação Árvores de Portugal está centrada na protecçã das árvores. O FAPAS também se dedica à protecção da flora. Se quer que lhe diga há bem mais exemplos de projectos de protecção de fauna do que de flora, em Portugal..


3) Aqueles que lêem estas linhas, para além de assinar a petição, que mais podem fazer por esta causa?
A meu ver o maior contributo é o envolvimento (voluntário) que vocês possam ter na própria concepção das novas etapas deste projecto, ou seja estamos agora concentrados em concretizar a formalização legal desse estatuto (que tem apenas valor simbólico) mas não está bem definido o que vem a seguir (e tem mesmo de haver um seguimento deste esforço).


E agora, depois de toda esta informação, está na hora de assinar a  petição!



quarta-feira, 13 de abril de 2011

Fábrica da Pólvora de Barcarena


É um espaço que muitos de vós provavelmente nunca ouviu falar, mas é sem dúvida um local de visita a registar: chama-se Complexo da Fábrica da Pólvora de Barcarena, localizada no concelho de Oeiras.

Este Complexo integra o Museu da Pólvora Negra (instalado no edifício da antiga Casa dos Engenhos), as instalações da antiga fábrica, um Auditório, uma sala de conferências, um jardim infantil, uma zona de lazer e restauração e alguns espaços verdes.

Algumas belas imagens deste espaço podem ser visionadas aqui.

Nos dias 8 e 9 de Abril decorreram algumas actividades (conferências e visitas guiadas) organizadas pelo Grupo de Amigos do Museu da Pólvora Negra com o apoio da C.M. de Oeiras.

A conferência do dia 8 estava subordinada ao tema “A Fábrica da Pólvora e a 1ª República” e, dada a importância da questão, o MNA esteve presente.

Entrevistámos o 1º orador do dia, Dr. Jaime Regalado, licenciado em bioquímica e pós-graduado em história militar, e sócio fundador do Grupo de Amigos anteriormente referido.


1.            De acordo com as suas conclusões, na I Grande Guerra Mundial, a participação da Fábrica da Pólvora Negra no esforço de guerra foi diminuta, devido à generalização da utilização de pólvora simples que se verificava na altura. Qual ou quais foram então os momentos da nossa história em que a produção da fábrica teve maior relevância?

Em primeiro lugar importa esclarecer que este espaço teve início (ainda no Reinado de D. João II) como ferraria, onde se produziram algumas armas e, posteriormente (no reinado de D. Manuel I) como fábrica de pólvora.

A sua localização priveligiada junto à ribeira de Barcarena permitia através dos seus engenhos hidráulicos assegurar o funcionamento de engenhos quer para o fabrico de pólvora quer para o fabrico de armas e artefactos de guerra.

Na sua constituição, esta fábrica foi repositório da melhor tecnologia de fabrico e processamento do ferro da Europa, importando-se mestres biscaínhos que trouxeram a sua tecnologia de ponta, na época.

Assim, poderei dizer que foi da maior importância em todos os momentos importantes da história de Portugal sempre no sentido de assegurar a expansão e consolidação dos territórios além-mar e na restauração/manutenção da integridade nacional aquém e além mar.

A importância das armas de fogo e da artilharia (sobretudo naval) é indiscutível na gesta dos descobrimentos. A fábrica da Pólvora de Barcarena assegurou a produção da maioria da pólvora para esses fins, como fábrica tutelada pela Coroa, a par com outras é certo, mas sendo esta de maior importância.

Nas Campanhas da Restauração, conheceu igualmente um momento alto da sua laboração, pois não só fabricou a pólvora necessária como o fabrico e recondicionamento de mosquetes (ditos mosquetes de Barcarena) e peitorais de ferro, assegurando uma parte do armamento necessário, tão difícil de adquirir por Portugal, num período que a obtenção de armamento no estrangeiro estava limitada pelos escassos recursos financeiros e aos países que reconhecessem o direito à auto-determinação de Portugal em relação à coroa Castelhana.

Já mais tarde. Quando pelo posicionamento português face à autodeterminação dos povos africanos nos territórios portugueses, em que Portugal foi alvo de diversos embargos. Assunto onde até o os Eua (J. F. Kennedy) alinharam com a Rússia contra a presença portuguesa em África (e discretamente o Vaticano). A industria militar portuguesa teve que assegurar grande parte da produção de material de guerra.

Este esforço, que se manteria ao longo de 13 anos, levou a que a Fábrica da Pólvora de Barcarena passasse a produzir munições já não de pólvora negra, carregasse morteiros de 60 e 81 mm, granadas-foguete para o LGF 8,9 mm, (granadas-foguete anticarro 5,9?), granadas de artilharia 105 mm, 155 mm e de artª de costa com o 23,8 cm.

Também foram carregadas nesta fábrica algumas das bombas que a FA utilizava, nomeadamente as de 1 Ton, carregadas com TNT.



2.            Na década de 50 do século passado a fábrica mudou de nome e passou a produzir outros tipos de pólvora química, dada a desactualização da pólvora negra. Chegou a registar nesta década o maior número de trabalhadores do seu historial, tendo posteriormente encerrado e reentrado em funcionamento em 1976, para encerrar definitivamente em 1988. A que se deveu o encerramento pré-1976? E qual a razão para, depois da reabertura, ter durado apenas 12 anos?

A Guerra Civil Espanhola e a hipotética ameaça daí imergente bem como a eminência de um conflito à escala mundial que já se pressentia, impuseram a Portugal a necessidade de uma profunda reforma militar. Neste contexto, a partir de 1937, materializou-se a modernização do armamento ligeiro que implicou igualmente uma modernização nos métodos e processos de fabrico.

Apesar da intensificação da actividade das indústrias militares portuguesas durante a 2ª Guerra Mundial, foi já no pós-guerra que se observou o maior incremento.

No plano internacional, o fim da 2ª Guerra Mundial, não resultou num processo de pacificação mas sim numa bipolarização do poder politico-militar, com a consequente corrida ao armamento convencional e estratégico.

No plano nacional, vivia-se um período de grande entusiasmo industrial que trouxe a criação de novas unidades fabris e a reorganização das existentes, no âmbito de uma política económica nacionalista e autárcica.

A adesão de Portugal ao Plano Marshal em 1948 e depois à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN-NATO) em 1949, nesta conjuntura económica nacionalista portuguesa, trouxeram um desenvolvimento significativo na industria militar portuguesa quer ao nível dos processos de fabrico, quer no enriquecimento do património humano, investindo na formação dos seus funcionários, que frequentaram diversos cursos de especialização no estrangeiro.

Assim, foi possível estabelecer diversos contratos de produção de munições de armas ligeiras, de artilharia, morteiros, etc., para diversos países da NATO, principalmente para a RFA.

A Companhia Portuguesa de Munições de Barcarena (CPMB), também contemplada com 300 000 USD ao abrigo do Plano Marshal, embora destinada principalmente à produção de pólvoras de caça, artefactos de sinalização e engenhos pirotécnicos, viu-se também envolvida na produção de material de guerra, como granadas de morteiro, espoletas, granadas de artilharia de campanha (por vezes a par com a Fundição de Oeiras que produzia os componentes em ferro fundido dessas granadas), para que fosse possível cumprir os quantitativos desses contratos de fornecimento.

No início da década de 1960, com o desencadear das acções de sublevação armada em Angola, Moçambique e Guiné, teve início um conflito que duraria 13 anos, nestes três teatros de operações.

Pela natureza deste conflito surgiu a necessidade de novo armamento mais adequado à guerra de contra-subversão.

Os embargos internacionais, mais ou menos discretos, que resultavam do isolamento em que o regime português havia sido colocado, pelo seu posicionamento anti-autodeterminação, impediram a aquisição de armamento no estrangeiro, para fazer face a esta necessidade.

Paralelamente, a impossibilidade de utilização do material de guerra recebido no âmbito da NATO em acções militares nas colónias (abaixo do Equador), obrigaram à intensificação da actividade de todos as instalações fabris do exército, com potencial para a produção de equipamento, viaturas, armamento e munições, na qual as instalações de Barcarena tomaram parte activa.

O encerramento da fábrica ocorre quando a fábrica estava sob administração belga. Na verdade a explosão que se deu em Novembro de 1972, condenou-a ao seu encerramento. Reabriria em 1976 com grande dificuldades financeiras e destinado ao fabrico de pólvoras de caça. A partir de 1985 passa a fazer parte do INDEP e manteve-se em laboração até 1988.

A razão do seu encerramento em 1988 penso que terá a ver com um processo de redução da autonomia militar de Portugal, ditada internaciomalmente. A fábrica de Barcarena foi o primeiro complexo a ser encerrado, seguiram-se os restantes. Fábrica de Braço de Prata e FNMAL em Moscavide.

Tendo tomado contacto com algumas pessoas desta última, ninguém percebe o seu encerramento, quando recentemente havia sido adquirido equipemento para as linhas de montagem e para o laboratório de certificação mo mis moderno.

Há situações pouco perceptíveis, pois a própria policia portuguesa comparava as suas munições de 9 mm à Selier & Bellot e recusava as municões do INDEP. Com qualidade irrepreensível, uma das três unicas fábricas de munições na Europa com certificação NATO. A FNMAL fornecia munições militares para os exercitos de uma série de paises da Europa e não só, entre os quais a Alemanha e produzia munições de elevada qualidade para competição (No meu percusrso como atirador, tendo falado com alguns atiradores finlandeses que quando disse que era português, de imediato me referiram que tinha sido uma pena o encerramento da fábrica pois eram excelente as munições 7,62 lá fabricadas, sobretudo as que usavam projécteis Sierra). O encerramento da fábrica trouxe inclusivamente problemas de cumprimento contratual com alguns paises, pois deixaria de poder fornecer nos anos vigentes no contrato.

Portanto, a tese da inviabilidade financeira não faz sentido. Oscila-se pois entre o interesse imobiliário dos terrenos onde estavam as fábricas (Moscavide e Braço de Prata) ou, numa hipotese mais rebuscada, por um qualquer interesse obscuro de retirar a Portugal a sua autonomia em termos de fabrico de munições.

A fábrica de Moscavide foi desmantelada e a maquinaria vendida para Espanha (penso eu). Tudo isto para explicar que o encerramento de Barcarena pode não ter uma razão tão óbvia quanto isso.



3.            Uma das curiosidades que referiu nesta conferência foi o facto de, entre 1920 e 1925, terem rebentado 350 bombas em Lisboa (de acordo com os registos oficiais) e terem ocorrido 20 revoluções entre Lisboa e Porto, factos significativos que espelham bem o caos e a instabilidade daquele regime, vangloriado por muitos dos partidários do regime actual. Que outras curiosidades nos pode apontar sobre esta época fatídica?

 O período entre 1920 e 1925 foi realmente um periodo muito conturbado. Mas a conturbação não começou em 1920. Logo apos a implantação da Republica tiveram início diversas revoluções. Porém, quando se fala em revoluções neste periodo, o leitor incauto pode pensar que se tratam de reacções monárquicas. Mas não. Com excepção dos combates de Chaves, Vila Real e Vinhais, entre 1911 e 1912, contra as forças chefiadas por Paiva Couceiro e em 1919, também contra forças lideradas por Paiva Couceiro, na sequência da “restauração” da Monarquia do Norte (combates em Monsanto-Lisboa), todas as restantes revoluções ocorreram motivadas por diferentes facções republicanas.

Não me vou deter a fazer um levantamento destes actos revolucionários e das suas motivações, pois seria um trabalho demasiado moroso. Mas lembro por exemplo a questão da noite sangrenta, que me parece paradigmática do ambiente que se vivia antes do golpe militar de 1926.

Sobre este assunto remeteria para a pena da Jornalista Joana (parece que entretanto falecida) que publicou no seu Blogue Semiramis uma descrição dos acontecimentos relativamente à noite sangrenta também conhecida pelo episódio da Camioneta Fantasma, que me parece muito correcta:

(pesquisar NESTA LIGAÇÃO o tópico “19 DE OUTUBRO DE 1921”)



4.            A Associação de Amigos do Museu da Fábrica da Pólvora nasceu em 2010 e esta foi a sua primeira actividade. Que outras actividades estão agendadas? Para todos aqueles que lêem estas linhas, o que lhes pode dizer acerca das vantagens em visitar este espaço

O GAMPN (Associação do Grupo de Amigos do Museu da Pólvora Negra) tem para 2011 uma agenda que inclui uma visita à Fábrica da Pólvora de Vale de Milhaços (uma unidade de produção de pólvora, de natureza privada, que funcionou até à bem pouco tempo na produção de pólvora negra) com o objectivo de dar a conhecer as instalações esta unidade, muito bem preservadas. Esta iniciativa, no âmbito da divulgação do nosso património industrial é aberto a outros elementos que não apenas os sócios do GAMPN.

- Restauro de peças do património da fábrica que pela sua relevância tecnológica devam ser restaurados (caso de dois peneiros).

- Estudo de peças do espólio do museu,

- Visitas guiadas temáticas, etc.

Na prática, duas grandes linhas:
I.                               
                               I) Divulgar o património histórico-cultural das Ferrarias/ Fábrica da Pólvora de Barcarena, junto da população e da comunidade científica das diversas áreas de estudo: História industrial, história militar, etc.
      II) Enriquecer o património do referido Museu. 


Um extraordinário testemunho histórico para reflectir; um espaço imprescindível para visitar. O MNA agradece!

domingo, 10 de abril de 2011

Rebelião a Toda a Vela!

É comum ouvirmos que os Portugueses são um povo de "brandos costumes".

É tido como normal e expectável que os Portugueses tudo aceitem sem protestar, sem criticar.

Por que será? Talvez a explicação apontada pelo nosso vídeo faça sentido.

No final do mesmo, poderão ver o autocolante "Rebelião a Toda a Vela", que os Amigos e Voluntários do MNA têm distribuído.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Patentes sobre sementes - Campanha das Sementes Livres



Em mais uma investida desta União Europeia “Global” e que defende os grandes interesses económicos, prepara-se uma nova regulamentação sobre patentes de sementes que, basicamente, irá colocar os direitos de produção na mão de meia-dúzia de produtores “gigantes”, e impedir que pequenos agricultores possam utilizar as suas sementes livremente para cultivar os seus produtos. Mais informações aqui.

Alguns já tomaram conhecimento deste caso através de um email que tem circulado na Internet, e que aqui reproduzimos:

“Sabem, por acaso, que no próximo dia 18 de Abril será aprovado em Bruxelas uma directiva sobre as sementes para a agricultura?
Que, por exemplo, 75% das sementes que são lançadas à terra em cada ano são sementes guardadas pelos próprios agricultores e que isso será absolutamente proibido a partir de então?
Que vão ficar certificadas meia dúzia de marcas/empresas para fornecer à agricultura, acabando com identidades nacionais nessa área?
Que apenas podem chegar ao mercados, couves, alfaces e outros verdes, por exemplo, espécies provenientes dessa certificação?
Que para poder-se produzir , a exploração terá de ter um mínimo de 10 hectares ?
Que tudo isso se faz com base no interesse de algumas empresas produtoras de sementes que afirmam não ter o rendimento do investimento feito em tecnologia e outros meios de produção, esquecendo que os seu investigadores foram formados em universidades públicas e a tecnologia é sempre um esforço do País e sempre colocada à disposição da iniciativa privada?
Que a maioria dessas empresas beneficiaram de apoios económicos e financeiros em larga escala, que de programas oficiais da comunidade, que em empréstimos da banca que hoje pagam os contribuintes à conta de tornar pública uma dívida que é privada?
Sabem que iremos ter a ASAE de novo a correr mercados municipais a analisar, a apreender e a inutilizas as couves que sempre comemos no nosso cozido à portuguesa?
Isto não é a Europa porque a própria Europa não passou da nossa ilusão e não é mais do que uma ferramenta mais para os desígnios da luta global pelo poder.


O MNA contactou a organização GAIA, um dos grupos dinamizadores da campanha “Sementes Livres” de sensibilização das populações para esta gravíssima questão. Em relação ao email que tem circulado na Internet, falámos com Lanka Horstink, responsável pela entidade, que nos disse o seguinte:

“Na verdade começou a correr um boato na Net, que a nova Lei das Sementes seria colocada à votação no dia 18 de Abril, mas tal não é verdade. Também diz o boato que se trata de uma Directiva, mas trata-se de uma Regulamentação (o que por acaso até é pior).

A Comissão tem um plano de acção disponível aqui , cujos contornos são preocupantes e que já resultou na passagem de 3 Directivas que restringem significativamente a comercialização de sementes tradicionais. Uma delas já foi passada para a legislação portuguesa.

Mas a CE ainda não apresentou a sua proposta para a Regulamentação, por isso por enquanto não há nada para votar ainda.”


O MNA aproveitou ainda para colocar mais três questões a Lanka:

1) Se esta regulamentação for aprovada, quais os efeitos práticos imediatos, para os pequenos agricultores, e para o consumidor final?
A ser aprovada a “Lei das Sementes”, tratando-se de uma regulamentação, sobrepor-se-á à legislação nacional. Ainda não foi apresentada proposta definitiva para esta Lei, mas ao observar o plano de acção da Comissão e as Directivas Europeias recentes sobre produção e comercialização de sementes ditas “de conservação” (mas que se refere a variedades tradicionais, regionais), que depois ficarão integradas na nova Lei, as ameaças são:
·       Toda e qualquer variedade de planta deverá ser registada no Catálogo Nacional de Variedades. Até recentemente, esta obrigação não existia para variedades regionais ou de baixo valor comercial. O registo implica custos, ensaios e o cumprimento de critérios a que as variedades tradicionais, cuja variabilidade genética as tem permitido adaptar-se ano após ano a solos e climas em constante mutação, não conseguem obedecer.
·       O simples facto de ter que registar uma variedade antes de a poder usar sem ser só para consumo próprio, vai limitar o mercado às sementes de empresas que já estão equipadas para satisfazer os protocolos de registo e de certificação. Pois, segundo as últimas Directivas Europeias, o agricultor que pretende guardar sementes tem que ter condições de terreno e equipamento que não são as do agricultor tradicional.
·       Em Portugal, cerca de 80% dos agricultores são pequenos e tradicionais. Os novos requisitos para produzir e comercializar sementes e os seus produtos vão prejudicar muito mais Portugal do que um país como a Alemanha, onde a agricultura familiar praticamente desapareceu.
·       Como já está patente nas últimas Directivas Europeias sobre sementes de conservação (2008/62/EC e 2009/145/EC) não só as variedades tradicionais terão de ser obrigatoriamente registadas como se restringe drasticamente a sua produção e circulação. A variedade tradicional registada tem que ter região de origem e não poderá ser produzida ou comecializada fora da sua região! Isto significa que todo o trabalho de uma associação de preservação de sementes tradicionais como a Colher para a Semear terá sido em vão: Uma semente de abóbora do Algarve não poderá ser plantada em Trás-os-Montes e vice versa. Isto travaria por completo o processo de melhoramento de plantas tão essencial para nos adaptarmos a solos cada vez mais pobres e condições climatéricas cada vez mais instáveis.
·       A autonomia do agricultor e em última instãncia a do consumidor vai ser posta em causa: ou opta por sementes do mercado, uma escolha necessariamente reduzida e sujeita a sementes tratadas com pesticidas ou pode ver a sua prática de preservar sementes ilegalizada.


2) Sendo esta legislação Europeia, poderão entrar neste mercado produtos vindos de fora da UE (por exemplo alguns legumes congelados), não sujeitos às mesmas regras?
Esta legislação serve principalmente para satisfazer as multinacionais, muitas delas estrangeiras, que querem garantir mercado para as suas sementes comerciais: convencionais e transgénicas. Implica que vamos ver muito mais produtos estrangeiros a circular no mercado europeu, tanto sementes como produtos processados, porque os pequenos criadores e agricultores não vão conseguir competir com os recursos destas empresas, e satisfazer todos os novos requisitos para preservar e vender sementes. O futuro que se antevê é um de produtos estandardizados, com pouquíssima variedade, tendencialmente com mais ingredientes transgénicos e clonados, e uma enorme dependência de países como Portugal nos produtos alimentares estrangeiros. Estamos a assistir à destruição do tecido agrícola local, restringindo a preservação e troca de sementes e produtos tradicionais, perdendo toda e qualquer autonomia alimentar em prol de um mercado global livre que beneficia uma mão cheia de grandes empresas.


3) A petição online e os dois dias internacionais de acção (17 e 18 de Abril) são um exemplo da vossa actividade em prol desta causa. Depois de 18 de Abril, que outras acções poderão ser levadas a cabo?

Entre Maio e o Outono vamos marcar presença em encontros e eventos em torno da agro-biodiversidade e as sementes e conhecimentos locais. Vamos apostar no alargamento da rede de Hortas pela Diversidade, hortas solidárias e ecológicas que dão o bom exemplo da agricultura e sentido de comunidade local que queremos promover. Para o Outono prevê-se um Intercâmbio Internacional de Sementes com oficinas, palestras, filmes e uma feira de sementes tradicionais. Paralelamente estaremos atentos aos desenvolvimentos legislativos a nível europeu e local para fazermos o lóbi político necessário.


O MNA agradece a disponibilidade de Lanka sobre esta questão, e deixamos aqui algumas ligações importantes:

Informações sobre os dois dias internacionais de acção, 17 e 18 de Abril:

Não se esqueçam de assinar a petição. Nós já o fizemos!

Para mais informações sobre a situação e sobre a melhor forma de ajudarem:

Partilhem este artigo. É uma questão muito séria!