Há uns poucos dias atrás pudemos ver, no programa da SIC Notícias a cargo de Pacheco Pereira, este a apresentar um livro sobre os itens que faziam parte da biblioteca de Adolf Hitler. Aproveitou o dito Pacheco para falar da necessidade de lermos todo o tipo de literatura, e criticar as "famosas" queimas de livros que se faziam na década de 30, nas chamadas "ditaduras". Esse "acto inqualificável", como qualificou o douto Pacheco.
E eu questionei-me: por que razão vai este douto senhor buscar exemplos da década de 30, quando temos exemplos bem mais recentes? Exemplos que ocorreram já durante o nosso tempo de vida. Será que este letrado senhor desconhece o facto, ou simplesmente sabe que perderia o seu "tacho" se o divulgasse? Ou será que só contam as queimas de livros que foram assumidas como tal, devendo nós outros ignorar aquelas que se fazem de forma dissimulada, escondida, escamoteada? Então vamos analisar dois exemplos que, como é óbvio, nem o douto senhor nem o credibilíssimo canal de TV poderiam divulgar.
Pedro Varela
Data: Janeiro, 1999. Local: Barcelona, Espanha.
No decurso de uma manifestação controlada pela polícia local, a Livraria Europa foi atacada, destruída e os seus livros atirados à rua e queimados numa pira. Nunca viram esta notícia na TV, pois não? Mas afinal que livraria é esta? É uma livraria que vende essas coisas chamadas livros, que nos "horríveis" anos 30 eram queimados pelas "ditaduras", mas que hoje, nas "democracias da liberdade de expressão", tal coisa é impensável. "Impensável" foi o que afirmou o Pacheco, e é talvez o que todos nós aprendemos na Escola, mas a realidade é bem diferente...
Já antes desta data fatídica, a livraria Europa tinha sido alvo de inúmeros boicotes e persguições. Mas que livros são estes? Livros de todos os géneros, e escritos por diferentes tipos de pessoas. Mas então se há liberdade de expressão, por que razão só podemos vender slguns tipos de livros? Será que também só podemos ler alguns tipos de livros? E quais são eles? Vocês sabem? Na idade medieval, pelo menos, havia o Index Librorvm Prohibithorvm - uma lista onde constavam os livros proibidos. Desta forma, assumia-se de forma séria que não havia liberdade de expressão, e as pessoas sabiam exactamente o que poderiam e o que não poderiam escrever/ler/vender/comprar. Mas a censura actual é a pior de todas - a dissimulada, a tal que se esconde atrás da suposta "liberdade", e que acaba por nos deixar na ignorância: afinal quais são os livros que a nossa "ditadura democrática" proíbe? Alvíssaras para quem souber a resposta!
Pedro Varela está agora preso, condenado a 3 anos e picos. Crime? Editar livros. Por quem? Por uma ditadura democrática...
Petição:http://www.peticiones.es/peticion/1000000-de-firmas-por-la-libertad-de-expresion-libertad-para-pedro-varela/278
Comité Português para a liberdade de Pedro Varela: liberdadepedrovarela@gmail.com
No dia 11 de Fevereiro realizou-se em Lisboa uma concentração em frente da embaixada Espanhola em protesto pela prisão de Pedro Varela. Alguns dos que não têm medo de dar a cara contra a ditadura do pensamento único disseram "presente"!
P.S.: Por que serão os livros tão perigosos? Talvez porque seja pelo livro que nós:
- Moldamos a nossa personalidade;
- Alimentamos o nosso conhecimento;
- Compreendemos melhor o que se passa à nossa volta, analisamos superiormente o que aconteceu outrora, e preparamos com maior exactidão o que o futuro nos reserva;
- Ganhamos capacidade para pensar pela nossa própria cabeça;
- Atingimos um grau de clareza que nos permite questionar o que deve ser questionado;
- Alcançamos a força mental que nos permite recusar o que deve ser recusado;
- Nasce em nós a confiança para defender e lutar pelo que merece ser glorificado;
- Nos superamos, porque O livro é a espada do espírito!
- Alimentamos o nosso conhecimento;
- Compreendemos melhor o que se passa à nossa volta, analisamos superiormente o que aconteceu outrora, e preparamos com maior exactidão o que o futuro nos reserva;
- Ganhamos capacidade para pensar pela nossa própria cabeça;
- Atingimos um grau de clareza que nos permite questionar o que deve ser questionado;
- Alcançamos a força mental que nos permite recusar o que deve ser recusado;
- Nasce em nós a confiança para defender e lutar pelo que merece ser glorificado;
- Nos superamos, porque O livro é a espada do espírito!
Éric Zemmour
Éric Zemmour é um escritor, jornalista e comentador político francês. No ano passado várias associações anti-racistas ameaçaram-no com uma queixa judicial e o "Figaro Magazine", jornal onde é colunista, ameaçou dispensar os seus serviços. Razão?
Num debate televisivo, alguém disse que "a polícia apenas pára negros e árabes". Zemmour respondeu com o óbvio: "os franceses de origem imigrante são mais controlados que os outros porque a maioria dos traficante são negros e árabes". Nem mais. Toda a gente o sabe. Mas ao que parece, estamos proibidos de o dizer. No mesmo dia e no mesmo canal, Zemmour afirmou que: "os empregadores têm o direito de recusar negros ou árabes". Por tudo isto, Zemmour foi condenado em tribunal a pagar uma multa. "Quando alguém descreve a realidade, é tratado como um criminoso" - foram as suas palavras perante a sentença.
Já um pouco antes, em 2008, Zemmour afirmou num debate do canal Arte que existe uma Raça branca e uma Raça negra. Recusando qualquer supremacismo, disse ter-se passado da sacralização da Raça no início do século XX para outra coisa igualmente absurda: a negação das Raças.
Como é óbvio, apareceram logo associações a protestar contra este axioma (perdoem-me o termo, mas é o que encontro mais apropriado). Apareceu o Conselho Representativo das Associações Negras (uma organização que representa negros) a dizer que não existem Raças (sim, leram bem: uma associação que representa uma Raça, a negar que elas existem); e apareceu também o SOS Racismo, a quem Zemmour respondeu com uma brilhante citação de Jean Baudrillard, que afirma que existe o SOS Baleias e o SOS Racismo, os primeiros querem salvar as baleias, os segundos querem salvar os racistas, para conservar o seu magnífico sentimento de superioridade moral.
Da próxima vez que ouvirem os vossos governantes ditos "democratas" falarem nas "liberdades"... reflictam bem nessa falácia. Liberdade de expressão? Não nesta dimensão...