quarta-feira, 9 de março de 2011

País de serviços, ou de serviçais?

Leite custa 36 cêntimos por litro ao produtor. A indústria só paga 32 cêntimos. Nas lojas, o consumidor paga, no mínimo, o dobro: cerca de 64 cêntimos por litro se for de marca branca e 74 cêntimos nos restantes.


Que tem isto a ver com o título da mensagem? Já lá vamos!

A ausência (ou conivência) do Regulador (Estado) é de facto o que explica a situação acima descrita. Naturalmente que a situação destes produtores não é sustentável, e se muitos já faliram nos últimos anos, os restantes seguir-lhes-ão o rasto a curto prazo.

Consequências para o povo Português?

Ao abdicar de produção própria neste sector, estamos a aceitar a dependência de outros países (de um bem essencial, como é o leite). Que economia é esta em que os distribuidores/intermediários ficam com o lucro da produção e os produtores não vêem o produto do seu trabalho ser valorizado? Como pode sobreviver um país que não garante a produção própria de um conjunto mínimo de bens essenciais? E a que actividade se vão dedicar estes produtores no futuro? Aos "serviços"? Os políticos do "sistema" muito nos têm vendido a ideia de que Portugal é um país de "serviços", mas isto esconde uma negra realidade...

A raiz do problema reside no facto de termos aceitado todas as condições que esta UE nos impôs. Aceitámos matar a indústria, aceitámos matar as pescas, aceitámos matar a agricultura... Na produção de cereais França e Alemanha regozijaram de alegria por terem destruído um dos seus concorrentes - Portugal - e em troca apenas tiveram de entregar a Portugal alguns fundos monetários, o que tem enriquecido alguns lusos nestes últimos vinte anos. O que eles lá fora sabiam muito bem, e cá dentro ninguém quis saber - tais labregos a correr atrás da cenoura - é que o dinheiro, um dia acaba, enquanto que as actividades de extracção e produção, essas geram dinheiro. Ou seja, eles entregaram-nos dinheiro, e nós entregámos-lhes a nossa capacidade de gerar dinheiro. A quem pertence o futuro? Fácil resposta, não é?

E dizem-nos que o futuro está nos "serviços". Se não tivermos produção própria, não seremos um país de "serviços", mas sim de "serviçais". Não o somos já?